terça-feira, 10 de novembro de 2009

OUTROS POEMAS DO GRITOS E PENUMBRAS

Discursos sobre
(Na) Pedra




Deixei de bocas e já não discursos aos pobres,
Olhando com os braços lassos o que nunca
Me deram para mastigar,

Não conheço as notas, nunca tive voz nem ânimo para
tussir… com os meus pés dilacerados nos carris…
Nunca vi tão longe onde pudesse ir! Nem nos travessos
Desta ilusão roubada,

Me encontro entre os destroços desta idade,
A percorrer migalhas só para alcançar a felicidade
Que perdi, e a ignorância que tomou conta do meu viajar

Já, não animo os olhos da esquerda… a gora, sou
A expectativa privada na decomposição dessa ansiedade
A atracção implacável em cada nota,

Não contem comigo, tenho pressa de morrer, Já não
Quero alimentar a esperança de acreditar na existência
Daqueles que me entristeceram; sentados no meu esforço
Sorrindo a minha ira

Não contem comigo
Sei que estais no sono e não entendeis esta atracção,
A inflexão da sua realidade com a utopia daquela canção (…)

O teu único desejo encontra-se na madrugada dos teus sonhos,
No cair da sua velhice precoce, e no imediatismos irracional desta
Rocha,
Sem perceberes o que te move e o
Quem te conduz;






A Sepultura
Da Consciência



O passado e o presente cruzaram-se, e confesso de
Boca vazia que não sou amigo daqueles carnívoros,
Sou… um dito por aí espoliado dentre os processos
Mais estranhos da caverna;

Padeço de cevadas e diabolismo por ter
Fumado os filhos da historia, que enfermaram a minha
Rotina sensível, sem diferença com a sepultura…

Uns falam outros criticam,
esses não dizem nem zumbem!
Grito, rasgando o silêncio mais frio desta cerimónia!!!

Assim, não posso odiar-me, nem enforcar o caminho;
A rocha é ambígua e traz o juízo nas curvas do tédio!

É… o fim dos olhos nas noites vagas, quando a cama
Seduz o tronco e convida os imprevistos
Para uma viagem ao subconsciente!




Os Mesmos Passos na
geometria do silencio



Os mesmos olhares e julgar na teoria evolutiva da cadeira,
Com os mesmos da derrota que latiram o hino desafinado
No compasso de cada olhar tenebroso,

As mesmas cartas do mundo
O contratempo da memória, a farsa das peças negras
Os mesmos planos na geometria do servilismo que
Esquadrinha o pensamento dos meus irmãos!!!

Cansei de taxar os dentes aos ombros
Cansei da hipocrisia imposta, e desta luz amarelada
Cansei dos passos que não apressam-me a olhar

Ás séries cómicas de actrizes imundas, e estórias
Da brasa, sinopses coloridas da renúncia!
Línguas avermelhadas e comentários que adormece
A rotação do baralho

Oh… passos gangrenais, alvejados pelos buracos
da irreversibilidade,
E retalhados pelo público que cantam cegos a opera
No guarda-fato do verso atrasado!

Os mesmos olhares e julgar
na teoria evolutiva das massas




(II) Caminho De
Uma Cidade Perdida



O caminho trilhado por alguns, está
Repleto de imundície, tolheram a despir-me
De Dionísio na devassidão da minha intolerância…

Os iníquos são fieis, e os escravos rastejam-se na
Submissão do sermão, outros nas ideias pervertidas
De uma cidade condenada!!!

Quando sobretudo.
No âmago de cada um
Rasteja cegamente a duvida se vão ou ficam neste cenário,
A soletrarem a dor herdado de um diário

O percurso é longo, onde murmura o destino
O jogo impulsivo de cada caminho,
Onde muitos permanecerão como espectadores!
Ouvindo vozes do alem…
Onde a tinta e o papel serão mascados de fome…
E a própria fome repleta de sonhos indiferentes…









Vozes De Uma Era
(1989 China)


Sou o bem-estar e a interrogação nas
Barbas da inteligência, Venho das terras longínquas a
Procura do fardo, água para a pele e sentido
para as máscaras, na arena das epidemias programadas;

Basta… apalpar a consciência quadrada de uma era,
Estuprada, para entender o ritmo atropelado pela
Inveja de uma plateia anónima

Nasci neste conceito, semeando a esperança
nos rodapés de cada texto que me deram
para comer;
A gora passo despercebido e lamento a zungueira
lançada pela força dos caninos às mandíbulas da raiva (…)
Aqui a minha voz é fónica na métrica obtusa,
Desajustando as barbas de memórias equivocadas!!!

Dos conceitos apregoados, o meu olhar é rebelde,
Onde me encontro sentado, reflectindo o passado de um futuro
na ausência dos sinais da vida de cada um (…)

Dentre o universo fónico, sou o sujeito nos cabeçalhos
Da gramática anónima (!!!)
A zebra esquecida na composição das cores;






A Este Das Mãos Deste Universo
(1970 Polónia)



Ouvi gritos da razão…na linguagem de guerreiros
Crianças e seios perdidos, velhos famintos e pálidos
de febre, uns falecidos outros traficados e usados nas
pestanas inóspitas, sobre as cavidades discursivas destes e
daqueles desumanos!

Assim, falei do mundo nos lençóis do perdão,
Daquele subúrbio… no terceiro passo do capitalismo,
O ensaio nocivo e imoral das ideias pandemónikas, dos
sistemas selváticos e das desgraças cientificas,

A África na geometria do servilismo, onde ninguém
vê a diplomacia do conformismo e a submissão dos
meus irmãos

Continuando a martelar a essas mentes…
Que ensaiam a única forma de exaltar a grandeza!
Destruindo o sentido no universo, e o universo num sentido
Envergam-te sobre o silêncio de uma revolta ;as razões da
desvalorização humana, reflectindo o caminho da pele
no triangulo

Não será com estas mãos e mentes que se acreditará
No capital, que manuseia e excita os dedos neste hemisfério
Egocêntrico, e a espiritualidade a leste deste
Universo?...











A Lança Da Sepultura No Épico
(1073 Vietname)



Foste encontrada minguada nos carris de um
deserto 100 terra, onde rastejaram falsos sentimentos,
quando chegaram os homens que presumiram
envenenar o seu feto de cereais, atrás
Do épico.

Dos encalços que não provocastes e te ris
nos seios prometidos de uma Infância lacónica;

Deste lado,
A mística tem esta nota, sem pausa nem causa
procurando na pista a máscara que não é de casa
senão de vagabundas, prostitutas e
Infecundos retratos!

Do outro lado,
A necessidade em salvar-te deste paralelo corcunda
Onde muitos não encontram a tracção natural das
Coisas,
Assim, não cantarão nem dançarão!
Vivendo pendentes da alma e do espírito nocivo da
Carne,

Eu não quero que renasças para morrer (…)
De saber que amanha vão-me entristecer (…)
E não terei cores nos lábios para te fazer ressuscitar;




2 Segundos Antes Da Madrugada
(1979 Afeganistão)


I
Meus passos súbitos
Minha alma epítóme na regalia das lágrimas,
Sou a voz áfona na multidão da pele, o
Coração possesso na obsessão da arrogância…

Dois segundos antes da madrugada,
Pensamentos cabeludos no arquivo desse
Entardecer, infância lacónica duma
Longa-metragem Na ânsia de arquivar a
Sombra deste sonho

II

Foram planos madrugais descendentes da cova
Sem antecedentes nesta brusca madrugada,

Canto nesta melodia em notas que ninguém
Sabe a harmonia central, rompendo o rectângulo
Na desfaçatez desta renitência nocturna;

Voaram os passos gemidos na aglutinação da farsa
Negados, rejeitados e politizados por vermes da cadeira
Que adiaram o desespero de um sonho súbito;

III

Sonhos das vozes que pregaram a farsa em madeiras,
As vozes que hibernam comícios e atrofiam os abusos,
Vi-os protagonistas da cidade,
Actores das ruas poluídas e gente do pó razoável!


Aqui, As Minhas Lágrimas Anoitecem
(1980 Egipto)



Já não importam as chamas da liberdade
Assim como já não tenho pressa de ser enganado
E viver, porque, todos aplausos no néctar
Da emoção têm sentidos estranhos,

Ainda há água turva nestes cabides?

Os charlatães são lavados, neste jogo, apanhados e
Acorrentados sentados;

Já fui alvo nos debates e, nos aplausos da plateia,
Zungaram venenos para secar os meus lábios
Silenciaram a nudez nas rochas! Onde os passos
Anunciavam as eras, da asneiras da minha geração!

Cuidado com o que me fazeis!!!
Os passos marcados no chão não retrocedem em vão,
Ainda há um cantar no olhar deste soletrar;

Se perdem no tempo e chamuscam dizeres
Afastam-se de mim e abnegam os meus verdadeiros
Retratos, «aqui as minhas lágrimas anoitecem»

(…) Quem descreverá o meu sentido itinerário
A este presente, atrás dos créditos que não chegam?
Deste luto inebriante de promessas a passos divididos?...
Quem?






Convite A Sepultura
(I) (1968 França)


Desgraçado sentado nestas pedras
Com os pés em leilão, salto como
1 Percevejo gritando como a cigarra,
e já morri varias Vezes (…)
Estou com o esqueleto aguado
Emprestado, para suportar
Os métodos de um consumismo
Flutuante que se esbanja
Como as ondas alienadas da
Película deste império,

Não necessito de beiras nem de feiras
Mantenho-me dos agasalhos da minha
Emanação, na formação utópica desta fraqueza

Não sou e nunca fui o resultado
Das experiências Erróneas, o lucrado
feito em castigo

Já não auguro o vosso calendário
Estou distante da terra e mais próximo
Das estrelas
Na profundeza da escuridão vazia
Na profundeza das areias mais frias

Observação da carne, se tenho bomba
o meu coração
Não é relógio, não fui arquitectado
Para ser pintado,

Já não preciso sermões para ser
Fotografado,
Sou, a solicitação em pessoa,
Assim, excluam-me deste mapa
Volátil




A epistola arquivada !
(1955 Bandung)


Oh!
Povo pravo… estes corpos são as teses da
Certeza do vosso laboratório probatório em plangente,

Vou falar com a serpente;

Em noites de plenilúnio amargurado…
(…) Ainda que os andaimes beberem deste ensaio
A minha existência nesta graça será a vontade de cuspir
Os pontos e as virgulas da epistola;

A manhã mesmo irei sair e não sei para onde vou,
Fora deste paralelo,
Comentarão os peitos duros que não dançam, os fracos
Atrapalhados, alienados; é apenas uma parte dos lados
No dizer das canecas, que a caneta vai aos lábios!

De olhos avermelhados sentado aqui continuarei,
A espera da madame envernizada pelos escribas,
Em frente não vou! Atrás jamais regressarei,
Aqui rabisco cobrando o passado de farrapos nojentos

Ergo o retrato fiel do meu grito monstruoso
A fome no seu estado militar, escrevendo como
Não podia berrar (…) Na intuição dessa controvérsia
Pedindo uma bala para mastigar,

Para a serpente hoje é tudo,
Nada mais senão o resultado da porfia que não rastejam
Ao meu favor, o segredo da corda nocturna aos sorrisos do
Seu favor, deste modo padecerei…assim estarei!









O Veneno Das Gerações
(1942 Washington)



Chamam-me drink
Embriago cadeiras e desvirtuo senhoras,
Sou concorrido quando comando os meus adeptos,
Uns me conhecem, outros ignoram-me por nunca
Os ter beijados;

Atrofio corações e estrago os lares prematuros
Brilho em cada esquina, onde faço dupla com a
Vontade da carne!

Sou a máscara dos tribunais, luto contra a
Honestidade dos homens para com deus!
Mostro a continuação do verdadeiro mundo
Activando os pelos que proibiram no jardim

Ofusco a personalidade de ninguém,
Irrito a sua garganta, quando escorrego como
Alcatrão nos seus pulmões, diminuo a sua visão,
A capacidade de pensar e dou-te a tuberculose
Antes da missa!!!

Sou lendário!
Cosmopolita, por isso os títulos vão de maconha
Crack á cocaína; o meu cadastro é original para
Cada povo!

Sou a alegria dos manifestantes, o rosto dos grevistas
Estou no currículo de celebridades,
Sou o tétano do subúrbio, o desespero de uma nação.

Estou onde há mulheres e diabo (…)





O ensaio da minha estupidez!
(1931 S. Dalí)



Ainda ocultam o olhar aos pés descalços
Feridos e exausto, que caminham só
Que caminhar na incerteza da conquista e do abandono
Cleópatra deste pantanal, vírus que sacode a memoria de malária (…)

Santidade peta proceridade!
O olhar aparta-me mazelas
Porque reprimem o meu preâmbulo? Senão me conheceis?
Das mulheres jogadas à rua; das crianças lançadas ao alheio,
Chamam-me e me servem os restos do diletantismo,
Me ruam e me envergonham em retratos (…)

Fiquem descansados, já não irei incomodar-vos (…)

Detectam na minha composição sanguínea
Os vestígios de um passado atrasado e mal arquitectado!
Que de dia e noite preencheu a razão do vazio,
Na sonolência de bem tagarelar e encornar as cerimonias!

Desisto ensaiando a minha estupidez para os deuses…

Acho que não tenho razões de ouvir os heróis,
Eu sou o objecto da minha entrega, o ensaio da minha
Estupidez! Sou o fundo deste presente, o letreiro sem ângulo,

Sou a palavra onde não tem livro
O livro onde não tem gente, o deserto de água salgada (…)

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